Reajuste salarial negociado supera inflação pelo 3º mês

A inflação comportada garantiu em abril o terceiro mês consecutivo de ganho real aos reajustes salariais negociados em acordos e convenções coletivas no país. Descontado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses até março, de 4,6%, as negociações acompanhadas pelo Salariômetro fecharam aumento mediano de 1,4%, levando em conta os documentos com início de vigência no mês passado. Em fevereiro e março, a alta real foi de 1,1% e de 1,3%, nessa ordem. Em termos nominais, a correção mediana de abril foi de 6%. A proporção de ajustes salariais inferiores à inflação no período foi de 11,1%, menor do que os 12,9% de março e dos 44,5% de abril do ano passado, mostra o boletim elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os acordos coletivos, aqueles com vigência específica para determinada empresa, têm dado aumentos maiores. Em abril, apenas 6,8% deram correção inferior ao INPC, contra 24% nas convenções coletivas, que valem para toda uma categoria. "A inflação projetada para os próximos meses continua em queda, preservando espaço para a continuidade dos ajustes reais", destaca a pesquisa. As projeções do Banco Central são de desaceleração do INPC acumulado em 12 meses até agosto, quando atingiria 2,71%. A partir daí, ele ganharia fôlego até atingir 3,94% em dezembro. Entre as categorias, os maiores ganhos reais, de acordo com a mediana acumulada em 12 meses, foram dos funcionários de condomínios e edifícios, 1,4%, seguidos por bancos e serviços financeiros (0,4%), estacionamentos e garagens (0,4%) e vigilância e segurança privada (0,3%). As maiores perdas, na mesma comparação, são dos trabalhadores de extração e refino de petróleo (­4,6%), de empresas jornalísticas (­1,8%) e do agronegócio da cana (­1%). Regionalmente, nenhum Estado apurou ganho no acumulado em 12 meses. Em cinco deles ­ Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará e Bahia ­ a mediana dos reajustes negociados empatou com a inflação. Já no Acre, Amapá e Espírito Santo, os acordos e convenções tiveram perda de 4,8%, 2,5% e 1,5%, nessa ordem. A mediana dos pisos salariais negociados em abril foi de R$ 1.093, valor ligeiramente superior ao salário mínimo vigente, R$ 937. No mesmo mês de 2016, o piso estava em R$ 1.032, para um mínimo de R$ 880. A folha salarial dessazonalizada ­ estimativa feita com base nos depósitos do FGTS feitos pelas empresas à Caixa ­ cresceu 2,4% em termos reais em fevereiro sobre janeiro (dado mais recente disponível), atingindo R$ 103,7 bilhões. No confronto com fevereiro de 2016, o crescimento foi de 3,91%, já descontada a inflação. O boletim ressalta que os acordos de redução de jornada e salário, cujo movimento acompanha através do Sistema Mediador, do Ministério do Trabalho, "se tornam cada vez mais raros". Assim como em março, foram registrados apenas três ­ um através do Programa Seguro Emprego (PSE), que conta com apoio financeiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e dois fora dele. Em abril do ano passado, foram contabilizados 39 acordos. Nos últimos 12 meses, o país contabiliza 222 acordos para redução de salário com corte na jornada. Do total, 50, 22,5%, foram feitos através do programa do governo lançado em 2015 para evitar o aumento das demissões.

 

Fonte:

http://www.valor.com.br/brasil/4978772/reajuste-salarial-negociado-supera-inflacao-pelo-3-mes#